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quinta-feira, 23 de maio de 2013

O feto possui uma psique própria?


artigo reproduzido a partir do site Crescer com Colo  

A Dra. Alessandra Piontelli, psicanalista italiana, acompanhou, durante vários meses, 11 fetos: quatro gestações gemelares e três singulares, a partir da 16ª semana de gravidez.

Dentre as gestações gemelares, observou, através do ultra-som, cinco a seis vezes ao mês, um caso de gêmeos dizigóticos ou bivitelinos (formados por dois ovos distintos), uma menina e um menino. Seguindo-os por vários meses, familiarizou-se tanto com o feitio deles que foi capaz de descrever à mãe qual seria o comportamento de ambos, após o parto.

Na ecografia, observou que a menina era expansiva, buscava o contato com o irmão, mas este retraía-se e enfiava a cabeça na placenta ou tapava o rosto com as mãos, fugindo dela. Com base nesse comportamento, a Dra. Piontelli previu que a menina seria agitada, nervosa, enquanto que o irmãozinho seria de temperamento retraído e acanhado. Para espanto da mãe, após o nascimento, tudo se confirmou: realmente ele era do tipo quieto e a menina mais irrequieta.

imagens: BBC Brasil
Com suas observações, a psicanalista aclarou muitos aspectos da personalidade dos fetos observados durante as suas pesquisas, antes mesmo do nascimento. Via-os chupando o dedo, espreguiçando-se, esfregando os pezinhos e as mãozinhas, coçando-se, enfim, aproveitando a liberdade de movimentos dentro do líquido amniótico. Cada feto apresentava um comportamento muito próprio, tinha o seu feitio. A Dra. Piontelli assinalava o traço marcante de cada um, se era calmo, nervoso, pensativo ou se trazia, por exemplo, a característica de uma bailarina. Ela acompanhou-os não apenas durante o período pré-natal, mas também no decorrer do primeiro ano de vida e muitos até completarem cinco anos. E pôde constatar que o padrão de comportamento se confirmava em todos os casos, no decorrer do seu desenvolvimento. 

Verificou-se que cada feto assim como cada recém-nascido, é um ser altamente individualizado. Não é de modo algum uma tábua rasa, como se poderia supor, esperando ser moldado, exclusivamente pelo meio ambiente. Tem vida emocional própria: experimenta prazer e desprazer, dor, tristeza, angústia ou bem-estar e tem um relacionamento intenso com sua mãe, sendo capaz de captar os seus estados emocionais e sentir quais os sentimentos de afetividade dela em relação a ele. (livro De Feto a Criança)
Com oito semanas, o feto consegue chutar e espichar as pernas, e também mover os braços para cima e para baixo. (imagens: BBC Brasil)

imagens: BBC Brasil
Outra experiência interessante que demonstra a existência da individualidade própria do feto foi realizada em 1982, por Anthony DeCasper, pesquisador norte-americano: ele instruiu um grupo de mulheres grávidas para que lessem, em voz alta, cinco semanas antes do parto, determinada história infantil. Três dias após o nascimento, duas histórias foram lidas aos bebés: a que eles já conheciam, desde o final da gestação, e uma outra desconhecida. As reações foram medidas através do número de sucções do bebê. Verificou-se que eles sugavam com mais frequência quando ouviam a história conhecida.

Os problemas psicológicos ocorridos na fase pré-natal afetam a vida ultrauterina. A Dra. Myriam Szejer, psicanalista de bebês, tem importante casuística de suas “conversas” com recém-nascidos, que demonstram o valor terapêutico no alívio e na solução desses conflitos. Um dos casos, relatados no seu livro Palavras para Nascer, é particularmente doloroso.

Numa gravidez gemelar, havia uma malformação muito grave numa das gêmeas. Segundo prognósticos médicos, ela poderia nascer, mas teria um curto período de sobrevivência. Como na França, país em que a Dra. Szejer vive, o aborto é legal, os médicos aconselharam aos pais a interrupção in-útero da vida do feto. Uma vez aceita a sugestão, a interrupção foi feita, tardiamente, tendo o feto morto permanecido no útero até o nascimento da irmã, o que se deu, por cesariana, 15 dias depois. Mas, tal como previra a Dra. Szejer, a gêmea sobrevivente, de nome Léa, teve sérios problemas, logo após o nascimento: não se alimentava e quando era amamentada à força, regurgitava sem parar, colocando em risco a própria vida.

Os problemas eram óbvios para a psicanalista: Léa tinha atrás de si vários meses de companheirismo com a irmã gêmea, e esta, de repente, ficara inerte, desaparecendo depois, completamente, do seu contato. Foi preciso um trabalho muito intenso da Dra. Szejer, muitas conversas com Léa, até que a recém-nascida conseguisse se recuperar do luto da irmã, aprendendo a mamar sozinha, e em grande quantidade, para finalmente ganhar peso e alta hospitalar duas semanas depois.


Um caso interessante para demonstrar também o psiquismo independente do feto é o narrado por Thomas Verny e John Kelly no livro A Vida Secreta da Criança antes de nascer, que influenciou especialistas em muitos países, inclusive o Brasil.

Verny conta o caso da bebê Kristina, que lhe foi relatado pelo Dr. Peter F. Freybergh, professor de obstetrícia e ginecologista da Universidade de Upsala, na Suécia. Kristina era um bebê robusto e comportado que revelou um estranho comportamento: recusava-se a mamar no seio da mãe. Aceitava a mamadeira ou o seio de outras mães, mas não queria nada com o alimento materno.

O Dr. Peter, indagando da mãe a razão de tal comportamento, recebeu um “não sei” como resposta. Ela dizia não saber o motivo. Quando, porém, o Dr. Peter foi mais incisivo na pergunta: “Mas você desejava realmente esta gravidez?”. Ela esclareceu: “Eu queria abortar, mas meu marido desejava esta criança, então, mantive-a”.

“Isto era novidade para o Peter, mas obviamente não o era para Kristina”, comenta o Dr. Verny. E acentua: “Ela havia percebido há muito tempo a rejeição de sua mãe e recusava-se a formar a ligação com esta, após o nascimento. Afetivamente rejeitada no útero, Kristina, com apenas quatro dias de vida e inteiramente dependente, estava firmemente decidida a rejeitar a sua mãe”.

Concluindo: “É provável que, com tempo, amor e paciência, a mãe de Kristina ganhe, de novo, a afeição da criança. Mas esta já existiria se a ligação tivesse sido formada antes do nascimento”.


imagens: BBC Brasil
Como e quando Kristina “soube” da rejeição? Os pesquisadores não têm, ainda, todas as respostas. Sabe-se, no entanto, que, desde o zigoto, existe a comunicação fisiológica ou biológica intensa, entre os dois seres, intermediada por hormônios, neurotransmissores, substâncias do sistema de defesa, etc. tudo devidamente registrado pela extraordinária capacidade de memorização do embrião, desde a formação da célula-ovo.

Por esses e outros dados, a Dra. Joanna Wilheim afirma, com justa razão: “Se conceituarmos inteligência como a capacidade para auto-gerir-se mentalmente; adaptar-se e adequar-se a situações novas; selecionar condições e aproveitar experiências – o que implica aprendizado e memória -, podemos concluir que de fato elas estão presentes no feto desde o período inicial da gestação”. (ver também o livro O que é a Psicologia Pré-Natal)


Dr.ª Marlene Nobre, presidente da Associação Médico Espírita do Brasil

terça-feira, 7 de maio de 2013

Andrea e Antonella



Compartilho com vocês um testemunho muito especial, da Andrea, uma jovem mãe que decidiu ter sua bebê com anencefalia, em uma gestação não planejada mas recebida com amor. Antonella nasceu com anencefalia e viveu por mais de 5 meses além da gestação, período em que ficou em casa com sua família, trazendo alegria e aprendizado a todos.



Olá, meu nome é Andrea e esta é a história da minha princesa Antonella.

Com 16 anos, fiquei grávida de minha princesa Antonella e com 4 meses de gravidez, descobri que minha bebê tinha uma malformação chamada anencefalia.

O médico me disse que minha bebê era incompatível com a vida e que no momento em que nascesse ela iria morrer. Obviamente, essa notícia me destroçou e fiquei muito mal.

Nunca pensei em abortar minha filha, sempre disse desde pequena que os bebês são uma benção e que eles não tem culpa de nada. Segui com minha gravidez feliz apesar da notícia. Eu falava com ela, cantava, etc. igual a um bebê normal, e aproveitei minha gravidez ao máximo.

A “Antito” nasceu com 41 semanas de parto normal, sem nenhuma complicação, graças a Deus. Minha pequena “milagre”, que morreria ao nascer, nos deu uma grande surpresa... Passaram-se as horas, os dias, os meses e ela seguia bem e me acompanhando a cada dia. Em outubro do ano passado (2012), minha pequena ficou doente e foi hospitalizada com pneumonia, até que em meus braços abriu suas asinhas.

Por 5 meses e 4 dias esteve comigo essa anjinha, e foram os melhores meses da minha vida... Deus sabe o porquê das coisas e quis que este pequeno anjo me acompanhasse por quase 6 meses. Espero que meu testemunho sirva a muitas mães que estão passando pelo mesmo ou por uma situação semelhante. 
Beijos a todas.

Digamos SIM À VIDA”.

Andrea Vera Tapia – Chile


Relato traduzido da página Asociación Por la Vida y los Derechos Humanos, com permissão de Andrea e dos administradores.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Mãe consegue concluir processo de adoção após a morte de sua filha adotiva especial

Adoção especial: maternidade e amor além da vida



Recebi hoje essa matéria publicada no site Última Instância, indicada por uma querida amiga do Face, Amanda Ribeiro. Fiquei profundamente emocionada e ainda estou com essa história  comovente, por isso venho aqui compartilhá-la com vocês! 

Um resumo do que aconteceu: Uma pedagoga catarinense decidiu adotar uma bebê com grandes necessidades especiais que havia sido abandonada por seus pais biológicos, em um quadro de saúde bastante delicado. Adaptou toda sua vida para cuidar dessa pequena criança que se tornou sua filha por uma escolha do coração. Com 16 meses de vida a menina veio a falecer por complicações de saúde, quando o processo de adoção ainda não havia sido concluído. Ela decidiu então pedir à Justiça a conclusão do processo de adoção, mesmo após a morte da filha, um caso excepcional e inédito no Estado em que ocorreu, em Santa Catarina.

Este lindo exemplo me levou às lágrimas, pois entendo bem o coração dessa mãe, e sei o quanto é importante o nome e reconhecimento de um filho, mesmo e especialmente quando não está mais conosco. Tudo que temos de concreto é seu nome e sua memória, e as lembranças e esperanças guardadas no nosso coração.

Segue a matéria na íntegra, de autoria da redação do Última Instância (os destaques em negrito e o glossário ao final são meus):

Justiça registra primeiro caso de adoção 'post mortem' de Santa Catarina 

O juiz Ademir Wolff, titular da Vara da Infância e Juventude da comarca de Itajaí, deferiu (1) pedido de adoção post mortem (2) formulado por uma pedagoga - a criança sob sua guarda faleceu antes da conclusão do processo, em tramitação naquela unidade jurisdicional. O pleito, sui generis (3), não previsto em lei e nem sequer registrado anteriormente pela Justiça de Santa Catarina e, foi atendido com base no bom senso e no princípio da razoabilidade, sustentado ainda no estudo social do caso. 
Em dezembro de 2011, a criança foi abandonada após o nascimento. Apresentava estado de saúde preocupante: síndrome de Down leve, lesão neurológica, mosaicismo, hipotonia, sucção débil, cardiopatia congênita e síndrome de West - que se trata de uma lesão cerebral grave. Este quadro não impediu a pedagoga de candidatar-se à adoção e obter a guarda provisória da criança. Solteira, a adotante voltara a residir com seus pais para melhor atender às necessidades da menina. Não obstante, ela morreu no último dia 22 de abril, oportunidade em que a pedagoga dirigiu-se ao Fórum, comunicou o fato e registrou seu interesse em concluir o processo de adoção. 
“É evidente que seria mais prático extinguir o processo sem resolução do mérito, mas se trata de um caso, com certeza, sui generis”, reconheceu o juiz Wolff. No seu entendimento, cabe ao Judiciário reconhecer o esforço desta mãe. “(Ela) quer evidentemente continuar sendo mãe e ver o nome pelo qual chamava a filha (…) gravado em sua lápide, preservando-se inclusive o direito de cultuar a filha que era sua, e não mais daqueles que renunciaram ao poder familiar”, anotou o magistrado. 
O juiz ressaltou que a decisão de conceder a adoção post mortem não gera reflexo prático ou jurídico para terceiros, já que a criança não tinha bens ou herdeiros, assim como direitos sucessórios a serem resguardados. A mãe buscou o reconhecimento da adoção vivida na prática. 
“Reconheça-se então este amor da adotante, dando-lhe o alento que lhe resta, a saudade de uma filha que era, sim, sua, e uma história que deve ser lembrada como um verdadeiro exemplo de adoção incondicional, nem que seja nesta sentença”, concluiu o juiz. A menina esteve 11 dos seus 16 meses de vida com a mãe adotiva.

Glossário:
1. sui generis (do latim) - Diz respeito a algo ou alguém que é diferente, especial, peculiar. 
2. post-mortem (do latim) - Após a morte, no além-túmulo, na outra vida.
3. deferir - Conferir, conceder, aceitar.

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